Ao acordar, ela
sentiu uma forte dor na cabeça, percebeu uma aflição infinita em seu corpo e,
quando olhou para os lados, tudo que viu foram as suas roupas por toda parte.
Ao tentar se mexer, notou que o seu corpo estava amarrado a uma imensa árvore.
Uma corda grossa e escura fazia voltas desde a sua cintura até o seu pescoço.
Os seus braços estavam amarrados para trás. Logo percebeu estar em uma mata
fechada, ao seu redor o chão estava úmido e a terra revirada.
Sua mente iniciou uma luta brutal
para recordar o que havia acontecido. Sorrisos e bebidas surgiram como feixes
de luz, um rosto familiar e um parque de diversão. As lembranças lentamente
foram voltando e o pavor aumentou em sua consciência fracionada. Ao analisar o
local onde estava, notou que havia sangue na terra e as roupas jogadas pela
trilha não eram exclusivamente suas. O céu estava brilhante e uma brisa fresca
caminhava pelo silêncio do lugar.
Gritos de desespero saltaram em suas
lembranças, após o parque em uma estrada escura. Ela e a amiga caminhavam
alegremente ao discutir detalhes de cada brinquedo que foram. Seus olhos viam a
sua amiga e o destino logo adiante no final da estrada escura, contudo, a dor a
tomou quando dois homens se aproximaram rapidamente e as atacaram com socos.
Poucos minutos após, o éter foi usado para silenciar os gritos.
O seu corpo estava nu e coberto de
sangue, não havia sinal da sua amiga, mas um quebra cabeça estava sendo unido
em uma mente que ainda batalhava por recordações. Além da dor que sentia por
seus ferimentos, ainda havia formigas ao seu redor e por todas as partes do seu
corpo imóvel. No entanto, apesar de nada disso ser comum, apesar de saber que
estava diante de uma circunstância impensada, ela se mantinha calma, sem
lágrimas, sem reações dignas, somente a dor que se tornava gradativamente
suportável, era real.
Uma lembrança surgiu como um momento
fixo que se repetia por vezes em sua mente perturbada, um olhar cheio de ódio
de um homem, um semblante do mal que a violentava e dizia sem pudor: mulheres
são uma perdição, mulheres desprezíveis, mulheres merecem a morte… Após sentir
tudo novamente, uma lágrima escorreu pela face suja recostada no tronco daquela
árvore. Entretanto, a presença da mãe surgiu ao seu lado como um anjo iluminado
que rebatia as palavras em sua mente: você é sagrada, você é preciosa e
especial, nunca permita que lhe digam o contrário disso, pois você é sagrada
para Deus…
Publicação: Fatos & Notícias ES.
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