A
noite estava nebulosa, uma senhora tomava um chá enquanto buscava encontrar
algumas estrelas entre as nuvens. Em seus pensamentos, a solidão era prazerosa,
garantia a ela uma sensação de liberdade. Sentada na sala, ela olhava tudo ao
redor pelas imensas paredes de vidros. Era um momento de paz pessoal.
A
neblina ficou mais densa e a visibilidade quase zero. A senhora começou a
sentir um incômodo estranho. Para qualquer lugar que ela olhasse, sentia alguém
a vigiando. Ela colocou uma música e terminou o chá, sem dar importância à
sensação que a afligia. Após lavar a xícara de chá, ela pensou em ir para o
quarto, contudo, a sua curiosidade a fez retornar para a sala. Ela se sentou no
mesmo lugar e continuou a olhar para a neblina. O céu não estava mais visível
em nenhuma direção. Era como se a neblina tocasse os vidros da casa.
Ao
olhar para frente, ele percebeu algo na parte de trás da sala. Um arrepio tomou
inesperadamente. Ela se levantou e foi
até o outro lado, mas não havia nada que justificasse. Então, ela resolveu se
sentar no meio da sala, entre as duas paredes de vidros. Ela fechou os olhos e
se permitiu ouvir além do silêncio. Pensou em abrir a porta, mas algo a impediu
de fazer isso. Segundos após a sua meditação, ela abriu os olhos e respirou
fundo. Ela não estava com medo, porém, o que estava ali roubava a sua paz.
Por
milésimos de segundos, algo atravessou a varanda de um lado a outro por entre a
neblina. Foi nítido ao seu olhar. Era um homem, na verdade, era a sombra de um
homem. Ela firmou a sua mente em Deus e não permitiu que o medo a
desestruturasse. A sombra persistiu em aparecer para ela rodeando a casa de
vidro. Era uma ameaça, contudo, ela permaneceu sentada sem demonstrar nenhuma
emoção. Ela fechou os seus olhos novamente, respirou fundo e se levantou. Foi
até a cozinha, tomou um comprimido com os olhos fixos na sombra entre a
neblina. Foi até a sala e sorriu, em silêncio, ela caminhou até o quarto,
fechou as cortinas e conseguiu adormecer rapidamente. Em seus pensamentos, a
solidão já não era tão prazerosa e libertadora, pois o fato era que não existia
a solidão real.
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